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quarta-feira, 31 de março de 2010

Banco Pretende Distribuir Ubuntu Live CD para Evitar Fraudes

Banco Pretende Distribuir Ubuntu Live CD para Evitar Fraudes
Fabio Mazzarino - 29/mar/2010


Conforme post no Slashdot, referente a uma notícia no Computer World,
o banco norte americano CNL, preocupado com questões de segurança
durante o acesso aos seus sistemas de internet banking, está
distribuindo pretendendo distribuir CDs com Ubuntu Live.

Os CDs foram seriam levemente customizados para acessar, através do
Mozilla Firefox, o serviço de internet banking do banco. Eles
pretendem com isso reduzir consideravelmente os riscos de malwares,
spywares e keyloggers.


A preocupação do banco reflete perfeitamente o maior risco às
movimentações financeiras na internet, o computador do usuário.
Sistemas operacionais pouco seguros , em conjunto com usuários pouco
experientes e a falsa crença de que a internet é mais segura que o
mundo real, formam uma combinação de fatores aonde os malwares e
spywares se proliferam colocando em risco a segurança de movimentações
financeiras.

Não é somente o case de se investir em sistemas mais robustos e
seguro. A própria culutra de certos usuários de não aceitar pagar por
programas e sistemas operacionais causa problemas de atualização e
segurança, deixando a porta aberta para os malwares mais recentes.

A solução, pelo menos parcial, do problema está no investimento. Não
somente no software, mas também na cultura média do usuário. Ao
oferecer um CD com um sistema operacional tido como mais seguro, em um
ambiente controlado e que não pode ser alterado, o banco CNL eliminou
eliminaria um dos vetores, ainda sobrou sobrariam os comportamentos de
risco de muitos usuários.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Como Conseguir o Reembolso pelo Windows OEM

A história é antiga e conhecida: você quer comprar um computador e ele
vem com Windows, mas você usa outro SO. Você quer um sem Windows, mas
não há essa possibilidade para o modelo ou promoção que você quer.
Alguns fabricantes sequer te permitem comprar um computador sem
Windows. A solução é pedir o reembolso pelo SO.

Eu já havia lido vários relatos de reembolsos no Brasil e no exterior,
mas, estranhamente, TODOS os relatos no Brasil que encontrei são da
Dell. Eu tinha a difícil missão de conseguir o reembolso pelo Windows
XP Home Edition que veio com meu netbook Lenovo S10e. Meu caso ainda
possuia dois agravantes: o SO não veio discriminado na nota fiscal
(sequer foi mencionado) e o computador foi comprado numa loja.
Mas, após quase 1 mês, consegui um reembolso de 229 reais!

Foto do pagamento

Dos vários relatos que li, o de Vinícius Massuchetto foi o meu guia.
Considero o mais completo e explicado. Recomendo que seja lido
primeiro.
1. O reembolso

O reembolso é sustentado em 3 pontos principais:

1. O código de defesa do consumidor, que proibe venda casada:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,
dentre outras práticas abusivas:
I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a
limites quantitativos;

2. O contrato de uso do Windows (EULA), que ninguém lê:

AO INSTALAR, COPIAR OU DE OUTRO MODO USAR O SOFTWARE VOCÊ
ESTARÁ CONCORDANDO EM VINCULAR-SE AOS TERMOS DESTE EULA. CASO VOCÊ NÃO
ESTEJA DE ACORDO, NÃO INSTALE, COPIE OU UTILIZE O SOFTWARE; VOCÊ
PODERÁ DEVOLVÊ-LO AO ESTABELECIMENTO EM QUE O ADQUIRIU PARA OBTER O
REEMBOLSO TOTAL, SE APLICÁVEL EM SUA JURISDIÇÃO.

3. Os vários relatos encontrados pela Internet.

No post de Vinícius, ele recomenda que se filme o processo de
desempacotamento do computador e a recusa da licença. Ainda não li um
relato em que isso fosse necessário, mas acho interessante ter essa
prova. Caso resolva filmar, tome certos cuidados: veja se a iluminação
está adequada, se a câmera tem boa qualidade, se possui bateria
suficiente (a minha acabou e o vídeo ficou corrompido), explique às
outras pessoas da casa a situação, para que não atrapalhem e mostre
que retirou o notebook da caixa, instalou outro SO e que removeu o CD
ou pendrive antes do boot final, comprovando que o Windows não existe
mais no HD.
2. O contato com o fabricante

O contato deve ser feito com o fabricante do computador, pois é ele
que instala as licenças, mesmo que você tenha comprado numa loja. Meu
notebook chegou num sábado, 20/02/2010. No dia seguinte, recusei a
licença e instalei o Ubuntu Netbook Remix. Segunda, 22, liguei para o
atendimento da Lenovo, pois só atendem em horário comercial, opção
pessoa física:

Comprei um notebook Lenovo que veio com Windows XP. Ao ligar o
computador pela primeira vez, me foi apresentada a licença de uso do
SO com uma mensagem dizendo que, caso eu não aceitasse tal licença,
deveria entrar em contato com o fabricante e solicitar o reembolso
pelo mesmo.

Seja sempre educado com os atendentes, pois eles não têm culpa. Você
não gostaria de receber uma ligação grosseira só porque sua empresa
tem políticas cretinas.

A resposta foi mais do que esperada:

Eu não creio que isso seja possível, senhor.

Após alguns minutos de conversa, a atendente confirmou:

Senhor, acabei de confirmar. Não é possível o que o senhor deseja.
Essa licença foi aceita pela Lenovo, foi ela quem pagou por esse SO.

Parece brincadeira, mas foi isso mesmo que ela disse. E ainda
confirmou que esse custo não foi repassado para mim. O Windows veio de
graça!

Eu disse que não aceitava aquela resposta e fui passado para o suporte
técnico, que apenas registrou meu pedido e indicou que deveria falar
com o setor de reclamação formal – opção 4.
Esperei cerca de 30 minutos para ser atendido nessa opção e no dia
seguinte eu desisti com 1 hora e meia. Não recomendo que utilizem essa
opção.

Novamente ouvi várias vezes que o que eu queria não era possível.
Ainda ouvi a seguinte pérola:

Neste caso, o senhor deveria ter optado por um sem Windows… que a
Lenovo não vende.

Esses atendentes são mesmo uns brincantes.
Após uma demorada conversa, ela pegou meu telefone para retornar no
máximo, até o meio dia do dia seguinte. Até hoje espero essa ligação.

Com o fim do prazo, liguei novamente e fui atendido por uma nova
pessoa. Expliquei rapidamente a história e disse que já havia
explicado tudo à anterior, que prometeu me ligar. Essa quarta
atendente anotou rapidamente meu pedido e me enviou um e-mail dizendo
que havia encaminhado a solitação ao setor correspondente.
Sempre que possível, consiga um telefone ou e-mail para evitar ter que
explicar a mesma história repetidamente.

No dia seguinte, respondi ao e-mail perguntando sobre o andamento. No
mesmo dia, ela me respondeu:

Foi verificado pelo time de produtos que o sistema operacional
está apresentando algum tipo de erro, pois a mensagem de reembolso não
deveria aparecer, o que podemos fazer é coletar o equipamento para
verificarmos o que pode ter ocorrido.

Não acredita? Leia novamente:

Foi verificado pelo time de produtos que o sistema operacional
está apresentando algum tipo de erro, pois a mensagem de reembolso não
deveria aparecer, o que podemos fazer é coletar o equipamento para
verificarmos o que pode ter ocorrido.

Juro que a resposta foi essa. Todos sabemos que o Windows é recheado
de bugs, mas a ponto de fazer com que uma mensagem de reembolso
apareça aleatoriamente no início da licença, é novidade pra mim.

A fim de obter um embasamento maior, encaminhei a resposta dela ao
suporte da Microsoft. Recebi a resposta mal escrita abaixo:

Sr Otto, é um prazer responder seu e-mail, esclarecemos que a
parte da eula, ou seja, a parte do contrato que nos enviou procede e
caso não esteja satisfeito com o produto, poderá verificar os
procedimento de reembolso total do produto, ou seja o Windows e a
máquina a qual ele veio instalado junto a loja que adquiriu, além
disso o Sr pode levantar informações sobre o direito do consumidor
referente a insatisfação do produto que adquiriu.

Reparou o trecho em negrito? Respondi dizendo que estava satisfeito
com a máquina, mas que tinha preferência por outro SO e queria o
reembolso apenas por ele. A resposta…

Sr Otto, é um prazer responder seu e-mail, informamos que não é
possível obter o reembolso apenas do Windows, pois o Windows no
licenciamento OEM, ou seja, Windows adquirido instalado com a máquina
não pode ser desassociado da máquina qual foi instalada.

Ninguém é besta!

Enviei a parte do reembolso à última atendente (sem o trecho em
negrito), junto com o trecho da EULA e o do código de defesa do
consumidor, dizendo que iria ao PROCON na semana seguinte, caso o
problema não fosse resolvido até lá. Não houve resposta.
3. O PROCON

Se o contato com a empresa não é bem-sucedido, o jeito é ir ao PROCON.
Tenha paciência e explique calmamente o problema aos funcionários de
lá. É bem provável que a pessoa sequer saiba o que é uma licença ou
que Windows é pago.

Fui ao PROCON/BA 3 vezes. Uma, para me informar sobre como proceder,
outra para dar entrada na ação e tive que ir mais uma, por ter
esquecido na segunda vez a EULA e os relatos que havia impresso.

Devo dizer que os atendentes que tive contato foram muito bons. Safos,
atenciosos e entendem fácil o problema, que não é dos mais simples. O
primeiro deles até disse Ahh, é daquelas licenças OEM!.
A segunda atendente também foi bem atenciosa e se mostrou disposta a
ligar para a Lenovo mesmo sem ter a EULA em mãos.

A terceira atendente, porém, não parecia muito segura. Logo após eu
explicar o problema, me disse É melhor darmos logo entrada, pois se
ligar eu vou ouvir as mesmas coisas que você….

Mas eu insisti que ligasse e mostrei o relato de Marcelo Vilar, que
também precisou do PROCON. E então ela ligou. Em poucos minutos, deram
a ela o telefone de 2 pessoas que poderiam resolver o problema.
Desisti da ação, peguei os números e liguei no mesmo dia.

O funcionário que atendeu, de nome Thiago, é da área de satisfação de
clientes. Ele logo me quis jogar para o atendimento inicial, mas não
aceitei, dizendo que foi de lá que consegui seu número. Ele me disse
que jamais ouviu falar neste reembolso, mas que veria com sua
supervisora e me retornaria no dia seguinte. Parece que é costume na
Lenovo não retornar o contato com os clientes, então mais uma vez eu
liguei e ouvi:

Realmente, o senhor tem direito a este reembolso. Vou enviar para
seu e-mail um formulário para que seja aberto o chamado.

Finalmente! O formulário pedia dados pessoais, bancários e do
notebook. Até o momento, não sabia o valor do reembolso e nem qual
seria o procedimento. A resposta de Thiago dizia que meu contato agora
seria com Camila, que me disse que o setor responsável estava
analisando o meu caso.

Pra variar, não houve contato de volta. Uma semana depois, perguntei
sobre o andamento do caso e fui respondido que receberia no dia
seguinte o pagamento de 229 reais! E foi cumprido. No dia seguinte
estava lá o dinheiro, sem mais nenhuma mensagem deles. Isso foi 19/03:
um mês depois do contato inicial!

Achei estranho a forma como o reembolso foi dado. Além do valor estar
acima do que eu esperava (pelos relatos que li, as pessoas conseguiram
menos pelo Vista), o notebook não foi recolhido. Eu imaginei que ele
seria levado de volta e vendido para outra pessoa, e que eu receberia
um sem SO.
4. Conclusão

O processo foi um pouco chato, mas valeu a pena. Recebi 229 reais de
volta num notebook que havia custado 777. É claro que esse valor está
um pouco distorcido, pois a máquina foi comprada em promoção, mas, em
termos práticos, resultou numa economia de 29% do valor do notebook!

Acho muito importante que todos façam o mesmo e exijam o dinheiro de
volta. Temos o direito de usar Linux ou qualquer SO de nossa
preferência sem sermos obrigados a pagar por um SO ruim e que não
iremos usar. Windows não vem de graça e muito menos "faz parte do
computador".

Caso resolva brigar por seus direitos, não deixe de publicar seu
relato e informar nas comunidades relacionadas. Caso sua compra seja
na Lenovo, deixe uma forma de contato para que eu mande direto o
telefone e e-mail das pessoas responsáveis.
Referências

Relatos:

* André Noel
* Manoel Pinho
* Vinícius Massuchetto
* Marcelo Villar
* Uncle Benji (EUA)

Outros

* Projeto de Reembolso de Licença Windows
* "Windows Refund" na Wikipedia
*
* Código de Defesa do Consumidor
* EULA do Windows XP Home Edition
* EULAs diversas do Windows

Publicado em 21/03/2010 de 23:19 e arquivado sobre lenovo, windows com
as tags lenovo, linux, reembolso, windows. Você pode acompanhar
qualquer resposta por meio do RSS 2.0 feed. Você pode deixar uma
resposta, ou trackback do seu próprio site.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Petrobras instala BrOffice em 90 mil PCs

Petrobras instala BrOffice em 90 mil PCs
2010-03-22 16h53min

A estimativa da BrOffice.org é que o processo permita uma redução de
pelo menos 40% nos gastos com aquisição de licenças de software
proprietário. Segundo a Petrobras, o principal motivo da mudança foi
econômico. A empresa também adotará o ODF como padrão interno de
documentos. Como navegador, a Petrobras passou a usar o Firefox
recentemente.

Cada setor terá a chance de avaliar se o software atende as suas
necessidades e decidir se fica ou não com o BrOffice.

O programa de código aberto já é utilizado por outras grandes empresas
como Banco do Brasil, Metrô de São Paulo, Itaipu e Serpro.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Windows 7 em paz com o Linux

Como recuperar o menu de boot do Ubuntu depois da instalação do Windows 7 em PCs com boot duplo

Para quem usa Linux e Windows, a instalação do novo sistema da Microsoft implica no sumiço do menu de boot. Para fazê-lo retornar, inicie o micro com o CD do Ubuntu no drive. Depois, escolha o item Testar o Ubuntu Sem Qualquer Mudança no Computador. Abra o terminal em Aplicativos > Acessórios > Terminal e tecle o su. Depois, digite o comando grub e, em seguida, find /boot/grub/stage1. Será mostrada a partição com o grub, com um texto como hd01. Rode, então, os comandos root (hd01) e setup (hd01).

quarta-feira, 17 de março de 2010

Projetando Redes de Computadores


Além da tecnologia, é preciso considerar uma série de outros fatores coadjuvantes na implementação do projeto de uma rede de computadores. Os desafios englobam questões como qual tecnologia a adotar, compatibilidade entre equipamentos novos e existentes, suporte técnico, obsolescência, confiabilidade e performance esperados, entre outros.

Um dos grandes desafios enfrentados pelo projetista de redes ainda é fazer com que cada componente se conecte a todos os outros. Conexões com pontos remotos podem apresentar problemas de lentidão, tornando-se de manutenção difícil e dispendiosa.

Outros problemas com protocolos de rede, largura de banda de transmissão e gerenciamento da rede combinam-se para fazer da implementação da parte lógica um verdadeiro desafio. O que acontece na verdade é que os padrões raramente conseguem acompanhar o passo da evolução nas tecnologias de redes. A funcionalidade e a velocidade de uma solução adotada hoje pode não ser mais tão vantajosa num futuro próximo.

Outro aspecto que deve ser observado diz respeito à integração dos sistemas de telefonia e de computação que consiste basicamente nas técnicas empregadas na coordenação das ações entre esses sistemas de comunicação. Essa integração permite inserir "inteligência" aos sistemas de telefonia, através do controle e tratamento da informação transmitida. Com isso possibilita-se, dentre outras coisas, que usuários tenham acesso a facilidades dos sistemas telefônicos utilizando computadores ou que chamadas telefônicas sejam incorporadas aos sistemas em rede.

Existem diversas topologias e layouts de rede. Um projetista deve considerar todas as possibilidades e parâmetros relacionados ao projeto, entre eles: custo, performance, segurança, escalabilidade, crescimento tecnológico, TCO, ROI, gerenciamento, entre outros.

Total Cost of Ownership (TCO): É o resultante de todos os custos pertinentes a um projeto de redes em sua totalidade. Projeto, instalação, hardware, software, infra-estrutura, etc, determinam "parcialmente" o TCO. Quando projetando redes é necessário idealizar as necessidades atuais e um possível crescimento tecnológico, além do aumento da demanda por performance, escalabilidade, segurança e fácil gerenciamento/administração da rede.

Return Of Investment (ROI): Assim como o TCO, o ROI deverá ser cuidadosamente planejado para evitar desperdícios, através de um planejamento de metas para atingir resultados concretos. Existem inúmeras ferramentas que poderão ser utilizadas para definir o ROI de um projeto.

Também é necessário considerar outros pontos importantes sobre a infra-estrutura de rede, verificando desde o cabeamento novo ou já existente (especialmente sobre os padrões Ethernet), até as distâncias, limitações, regras gerais, entre outros itens. Ao mesmo tempo, é possível encontrar redes onde outros elementos não foram considerados pelos projetistas por limitações orçamentárias, ou seja, basicamente o fator "custo" ainda é o principal elemento levado em consideração no momento de se projetar e executar a infra-estrutura de uma rede de computadores.

Mesmo considerando essas limitações, algumas etapas fundamentais não podem ser negligenciadas durante o projeto sob pena de impactar negativamente na performance final da rede. Dentre esses itens, a seleção das tecnologias e dispositivos, tanto para redes de campus quanto para redes corporativas e os testes e a documentação de toda a rede, não podem ser esquecidos de forma alguma.

Da seleção adequada das tecnologias de rede, que podem ser desde Ethernet, Fast Ethernet ou ATM, por exemplo, nas redes de campus e Frame Relay e ISDN, nas redes corporativas e da escolha dos dispositivos de rede como roteadores, switches, servidores, etc, até o próprio cabeamento, é que teremos os parâmetros necessários para avaliar a disponibilidade e a performance do sistema como um todo.

Uma vez implementada a infra-estrutura, serão os resultados dos planos de testes do piloto da rede que fornecerão os subsídios necessários para a otimização do projeto e a documentação final do que realmente foi implantado (também conhecido como As Built).

 


José Maurício Santos Pinheiro
Professor Universitário, Projetista e Gestor de Redes, 
membro da BICSI, Aureside e IEC.

Mapeando o Cabeamento de uma Rede

Os cabos podem ser feios, mas ainda são cruciais na construção de uma rede de computadores. O grane valor e beleza do cabeamento está na possibilidade de vários produtos funcionarem em conjunto e comunicarem-se mutuamente através de um cabo de rede. É claro que essa comunicação só é possível porque os projetistas seguem os mesmos padrões de interligação para todos o cabeamento da rede.

Estruturas de Cabeamento

Com o crescimento do uso das redes de computadores e a agregação de novos serviços e mídias como voz, dados, telefonia, multimídia, etc, surgiu a necessidade de se estabelecer critérios para ordenar e estruturar os sistemas de cabeamento dentro das empresas. Existe um grande número de especificações que cobrem os diversos tipos de cabos e que surgiram de muitas fontes diferentes, variando desde códigos de incêndio até detalhadas especificações elétricas.

Como resultado, as especificações e padrões muitas vezes se sobrepõem e acabam causando confusão; porém entendê-las é muito importante para se projetar adequadamente a infra-estrutura de uma rede de computadores. O cabeamento é, provavelmente, a parte mais complexa da infra-estrutura de um sistema em rede e, certamente, a qualidade deste sistema não será melhor que a qualidade de seu cabeamento.

Padronização

Temos várias organizações, entidades governamentais e grupos de empresas que regulamentam e especificam os tipos de cabos utilizados em redes. Organizações internacionais como o IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers), a EIA/TIA (Electronic Industry Association e Telecommunications Industries Association), a UL (Underwriters Laboratories), ISO/IEC (International Standards Organization / International Electrotechnical Commission), criam códigos e geram todas as especificações dos materiais utilizados no cabeamento, assim como os padrões de instalação.

Algumas empresas desenvolveram especificações detalhadas para conectores, cabos, centros de distribuição e sobre técnicas de instalação, chamadas Premise Distribution Systems (PDS) ou Sistemas Básicos de Distribuição. As PDS consistem do cabeamento e dos diversos componentes integrados para possibilitar a interligação dos diversos dispositivos de redes de computadores (PC's, impressoras, câmeras) e uma variedade de outros dispositivos. Essas arquiteturas precederam e serviram de referência para os trabalhos da EIA/TIA e UL. Por exemplo, o conceito original de níveis (tipos de cabeamento) de uma grande empresa do segmento de componentes para redes é usado pelos padrões EIA/TIA e do UL. A EIA/TIA gerou os padrões 568 e 569 sobre características elétricas dos cabos. O IEEE incluiu requisitos mínimos para o cabeamento através de suas especificações da série 802. O UL concentra-se em padrões de segurança, possuindo programas de certificação para avaliar o cabeamento de rede. A ISO/IEC desenvolveu um padrão de cabeamento denominado Cabeamento Genérico para Instalação do Cliente (Generic Cabling for Customer Premises), denominado de ISO/IEC 11801. A norma ISO/IEC 11801 é equivalente a EIA/TIA 568. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publicou a norma NBR 14565, com o procedimento básico para elaboração de projetos de cabeamento de telecomunicações para rede interna estruturada.

Sistemas de Cabeamento

O coração de um sistema de cabeamento é a série de especificações de todos os elementos que compõem sua infra-estrutura. Ao criar e suportar um padrão de cabeamento tenta-se garantir um ambiente estável para a operação dos equipamentos em rede. Os cabos, conectores e demais acessórios são descritos por uma documentação que determina também como devem ser certificados, tudo de acordo com as orientações elaboradas pelos organismos de padronização.

Os equipamentos para a interconexão e terminação flexibilizam um PDS, complementam o sistema de cabeamento, mas em geral, o sistema ainda é muito dependente dos seus conectores e terminais. Se os responsáveis pelo projeto de cabeamento e seus executores seguirem o orientado pela documentação, o sistema de cabeamento funcionará em qualquer ambiente e terá um tempo de vida superior aos próprios equipamentos de rede.

EIA/TIA

A EIA/TIA especifica categorias de cabeamento em cabos coaxiais, cabos de par trançado e cabos de fibra óptica. O padrão EIA/TIA descreve tanto as especificações de performance do cabo quanto sua instalação. Porém esse padrão deixa espaço para que os responsáveis pelo projeto da rede física façam suas opções e expansões

O padrão EIA/TIA 568 Implementou um padrão genérico de cabeamento de telecomunicações capaz de suportar ambientes com varados produtos e fornecedores. Esse padrão tem como principal vantagem ser um padrão aberto, ou seja, é possível selecionar e especificar cabos que obedeçam a uma categoria específica do padrão e saber que vai se obter uma gama enorme de produtos compatíveis entre si, favorecendo a integração dos diversos ambientes de redes que conhecemos atualmente.

Código para Eletricidade

Passar cabeamento através da estrutura de edifícios implica no risco de incêndios. Várias entidades e fabricantes têm estabelecido padrões de como um cabo deve se comportar na presença de fogo. Um código de aceitação internacional é o NEC (National Electrical Code), desenvolvido pelo NFPA (National Fire Protection Association) dos Estados Unidos, que descreve vários tipos materiais a serem usados na produção dos cabos. Esse código estabelece, entre outras coisas, o limite de tempo máximo que um cabo deve queimar após a chama ter sido aplicada.

Os padrões NEC são listados em muitos catálogos de cabos e acessórios, classificando categorias específicas de cabos de cobre para determinados tipos de uso. Por exemplo, os cabos para redes locais estão geralmente classificados na categoria do tipo CM (communications, ou comunicações), ou no tipo MP (MultiPurpose, ou uso geral). Cada tipo de cabo possui ainda uma letra para designar seu uso. Por exemplo, a letra P, no tipo CMP (Communications Plenum) indica um cabo com propagação limitada de chamas e baixa produção de fumaça. Convém salientar que o código define "plenum" como sendo um canal ou sistema de dutos feitos para conduzir ar. Um forro falso ou piso não são considerados plenum.

Underwriters Laboratories

O UL possui padrões de segurança para cabos que estão de acordo com o NEC. Por exemplo, o UL 444 é o padrão de segurança para cabos de comunicação e o UL 13 é o padrão de segurança para cabos utilizados em circuitos de potencia limitada. Os cabos para redes podem cair em qualquer uma das duas categorias. O UL avalia amostras de cabos e depois conduz testes e inspeções de acompanhamento, que servem como referência para os fabricantes e integradores de sistemas.

As classificações do UL vão desde Nível I até V e têm a ver com performance e segurança, portanto os produtos que têm nível UL também atendem às especificações NEC apropriadas e aos padrões EIA/TIA para uma categoria específica. Cabos que possuem classificações UL, exibem na camada externa as indicações Level I, LVL I ou LEV 1, por exemplo.

Conclusão

Um conhecimento dos padrões de cabeamento é absolutamente crucial quando se está na fase de projeto de uma nova rede ou melhoria / ampliação de uma rede existente. Arquiteturas estruturadas como os sistemas básicos de distribuição e as diretrizes ditadas pelas normas e padrões de cabeamento sempre oferecem garantias para que o projetista possa escolher adequadamente os componentes de infra-estrutura visando à perfeita implantação da rede.






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Atenciosamente,


Zenildo de Araújo Silva
MSN: zenildoaraujo@ubbi.com.br
Tecnólogo em Redes de Computadores
71 9141-3983

Gerenciando Projetos


Um dos efeitos da globalização é tornar os mercados mais competitivos e exigentes, obrigando empresas por todo o mundo a se adaptem a este novo cenário através de investimentos de melhoria ou na expansão de suas atividades. Dentre as medidas que podem ser tomadas para alcançar este objetivo, encontra-se a prática de gerenciar projetos de uma forma mais profissional e planejada.

Idealização do Projeto

Um projeto é definido tecnicamente como um esforço temporário (possui data para início e término), que tem como finalidade produzir um bem (produto ou serviço) com características próprias que o diferenciam de outros que, eventualmente, já existam.

A partir do momento que se idealiza um projeto, seja para uma a implantação de uma nova infra-estrutura ou para a melhoria de uma estrutura existente, ficamos cercados por uma série de problemas técnicos que devem ser resolvidos para que o projeto prossiga. Por exemplo, para a implantação do cabeamento de uma rede de computadores é necessário estimar a quantidade de cabos que serão utilizados na interligação dos pontos de rede nas áreas de trabalho até os armários de telecomunicações, calcular o custo desses cabos e dos demais acessórios, além de mão de obra e outros itens mais.

Esses problemas técnicos podem ser resolvidos, desde que um outro problema, bem maior que estes, possa ser equalizado: Gerenciamento ineficiente. Um único deslize em qualquer uma das fases de execução de um projeto pode anular rapidamente toda a produtividade conseguida até aquele momento.

Infelizmente, o fato que ocorre é que o gerenciamento de projeto raramente recebe a atenção que merece e, particularmente o segmento de projetos de redes de computadores, ainda carece de profissionais devidamente capacitados para conduzir essa tarefa, ou seja, embora as respostas sejam simples de ser enunciadas e entendidas, acabam tornam-se complexas para serem implementadas e efetivadas pela falta de conhecimento de técnicas básicas para a execução de um projeto de rede de comunicação.

Viabilizando projetos

Um projeto pode estar condenado ao fracasso mesmo antes de ser iniciado se não resultar em vantagens e melhorias práticas para as aplicações dos usuários a que se destina. Afinal, os usuários de uma rede de computadores esperam soluções, de preferência econômicas, para seus problemas e não apenas paliativos.

Muitas vezes a razão para um retorno negativo após a conclusão de uma melhoria está em uma falha ocorrida no início do projeto, no momento de se fazer três estimativas importantes: o custo para a implantação, os benefícios a serem alcançados e os recursos disponíveis. Para que um projeto seja viável (e econômico), ele deve prover benefícios que excedam os custos e não deve vincular custos que excedam os recursos disponíveis.

Benefícios X Custos

É muito importante calcular corretamente a proporção entre os benefícios de um projeto e seu custo de implementação. Se os benefícios não excedem os custos de maneira significativa, ainda há tempo para rever os objetivos e os critérios para alcançá-los.

Todavia, não se devem observar apenas os custos e ignorar completamente os benefícios. Uma abordagem mais equilibrada seria incluir considerações sobre os benefícios potenciais do projeto de forma que possam ser comparados aos seus custos, através da medida das melhorias obtidas para as aplicações dos usuários, tanto pela resolução dos problemas como pelo oferecimento de novas facilidades e novos serviços de rede.

Recursos X Custos

Um projeto só deve ser iniciado se houver condições de terminá-lo, ou seja, se não há condições de se custear as diversas etapas, um projeto não deve ser aprovado ou iniciado. Da mesma forma, se não houver profissionais que possam executar o projeto em sua totalidade, os usuários clientes devem aguardar o momento mais oportuno ou partir para outra solução.

Benefícios X Recursos

Na vida real, a grande maioria dos projetos enfrenta a situação de ter mais oportunidades de gastar os recursos disponíveis do que recursos disponíveis para gastar. Por esse motivo, a utilização dos recursos deve ser cuidadosamente planejada durante a execução do projeto a fim de que se possa avaliar a vantagem dos benefícios obtidos sobre os custos.

Figura 1 – Recursos X custos X benefícios

Itenização

Na maioria das vezes tendemos a examinar um projeto como um todo, com um custo e benefício únicos. Entretanto, cada etapa de um projeto rende seus próprios benefícios, acarreta seus próprios custos e, na mesma medida, exige recursos próprios. A ação de dividir um projeto entre partes independentes em termos de benefícios oferecidos chama-se itenização.

Torna-se necessário analisar cada um desses aspectos (custos, benefícios, e recursos) individualmente por quatro motivos: Primeiro, para auxiliar a decidir como cada parte do projeto deve ser realizada; segundo, para ajudar a determinar como essas partes deverão ser implementadas; terceiro, para auxiliar na decisão do que antecipar, retardar ou mesmo cancelar (analisar os riscos), de forma que o projeto possa prosseguir mesmo com menos recursos; e quarto, ajudar na estimativa dos custos e benefícios totais do projeto.

Figura 2 - Itenização

Conclusão

Para que o projeto de uma rede seja bem sucedido, o resultado do trabalho não deve apresentar apenas qualidade técnica. Os ingredientes necessários para um gerenciamento de projeto bem sucedido são objetivos claros do que se quer alcançar, planejamento para execução das etapas envolvidas, consenso entre os participantes do grupo de trabalho e um cronograma realista para a execução das atividades.

Um projeto de rede bem sucedido se traduz, principalmente, em melhorias para os usuários, oferecendo benefícios que excedem seus custos de implantação, sem ultrapassar os recursos disponíveis. Tais benefícios podem se caracterizar pelo aumento da produtividade, pela redução de custos, pelo aprimoramento dos serviços disponíveis aos usuários, contribuindo decisivamente no aumento da competitividade da empresa.


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